O maior confisco de Bitcoin da história

O maior confisco de Bitcoin da história


Em outubro de 2025, o governo dos Estados Unidos anunciou a maior apreensão de da história: mais de 127 mil , avaliados em cerca de US$ 15 bilhões. O que parecia uma operação comum contra crimes cibernéticos revelou-se uma trama muito mais ampla, envolvendo inteligência estatal, exploração de vulnerabilidades e um império global de fraudes.

O Departamento de Justiça (DoJ) não explicou como obteve acesso às chaves privadas das carteiras confiscadas. Mas documentos judiciais e análises independentes apontam que o FBI pode ter explorado a vulnerabilidade “Milk Sad”, descoberta em 2023, que comprometia carteiras de Bitcoin e outras criptomoedas.

A falha surgiu por causa de um erro na geração das chaves privadas. Em vez de criar códigos realmente aleatórios, o software gerava padrões previsíveis, permitindo que hackers (ou agências de segurança) descobrissem as chaves e acessassem os fundos.

Segundo a Arkham Intelligence, os endereços afetados estavam ligados à mineradora chinesa Lubian, com operações na China, Irã e Laos. As carteiras continham 127.426 BTC parados desde 2020, exatamente o mesmo número e os mesmos endereços citados nos documentos do DoJ. Isso sugere que o FBI invadiu as carteiras explorando a falha para executar o confisco.

No centro da operação está Chen Zhi, ou Vincent Chen, bilionário chinês naturalizado cambojano e fundador do Prince Holding Group; conglomerado de bancos, cassinos, fintechs e imóveis de luxo. Durante anos, ele foi retratado como um empresário exemplar e filantropo no Camboja.

Investigações dos EUA e Reino Unido, porém, revelaram que o grupo era uma organização criminosa transnacional, responsável por golpes em criptomoedas e redes de trabalho forçado. O esquema seguia o modelo de “pig butchering”, no qual vítimas são enganadas por falsas promessas de investimento ou romance.

Milhares de pessoas foram enganadas ou sequestradas e levadas a campos de trabalho forçado no Camboja e em países vizinhos. Sob ameaças e violência, eram obrigadas a operar contas falsas e aplicar golpes online. A operação movimentava até US$ 30 milhões por dia.

A lavagem de dinheiro ocorria por meio de cassinos, empresas de fachada e mineração de criptomoedas, entre elas a própria Lubian. Apenas 30% dos bitcoins minerados eram legítimos, indicando mistura proposital de fundos para esconder a origem ilícita do capital.

O Tesouro dos EUA classificou o Prince Group como uma Transnational Criminal Organization (TCO) e bloqueou 146 entidades ligadas ao conglomerado. O Reino Unido também congelou propriedades de luxo de Chen e seus associados, avaliadas em mais de 130 milhões de libras.

A coincidência entre os endereços da Lubian e os bitcoins confiscados é praticamente incontestável; tanto os dados da Arkham quanto os documentos oficiais do DoJ mostram a mesma lista de carteiras, reforçando a hipótese de um hacking estatal conduzido pelo FBI.

Chen Zhi, antes visto como símbolo do capitalismo cambojano, tornou-se foragido internacional. Seu império desabou e expôs a dimensão real dos golpes e da exploração humana por trás da indústria do crime digital.





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