Bitcoin: compressão abaixo de US$ 95 mil pode antecipar movimento mais amplo

• O bitcoin manteve-se firme próximo de US$ 85.000, enquanto sinais macroeconômicos mistos mantiveram a volatilidade elevada.
• As saídas de ETFs e a realização de lucros explicam a fraqueza de curto prazo, apesar da demanda consistente.
• O mercado segue em ampla consolidação, com suporte em torno de US$ 85.000 e resistência entre US$ 95.000 e US$ 100.000.

O bitcoin enfrentou uma semana volátil, com o mercado reagindo a sinais macroeconômicos mistos e a fluxos irregulares entre ETFs e corretoras, o que gerou movimentos em direções opostas.

O padrão de Ombro-Cabeça-Ombro (OCO), observado há algumas semanas, provocou uma forte correção a partir da região acima de US$ 100.000, levando os preços até a faixa dos US$ 85.000. Essa zona tem funcionado como um suporte intermediário importante, por coincidir com o objetivo do padrão e com um nível relevante de Fibonacci.

O mercado voltou a testar essa área de suporte na última semana. Desde então, o impulso perdeu força, e o movimento mais amplo entrou em fase de consolidação, com o bitcoin buscando uma nova direção após a queda acentuada de novembro.

Os preços listados em nossos artigos são válidos na data de sua publicação.

Preço do bitcoin se estabiliza após correção de novembro

No campo macroeconômico, os pedidos semanais de seguro-desemprego nos EUA permaneceram baixos, o que mantém em aberto o cenário de pouso suave da economia. Os mercados continuam precificando um corte de 25 pontos-base na taxa de juros durante a reunião de dezembro do Federal Reserve. Em tese, juros mais baixos e condições financeiras mais favoráveis criam um ambiente positivo de médio e longo prazo para ativos como o bitcoin.

Ainda assim, a forte realização de lucros em novembro transformou esse quadro em uma fase de redução de risco e aumento da volatilidade de curto prazo.

No campo regulatório, a postura firme da China, ao reiterar que transações com criptomoedas seguem ilegais, continua pesando sobre a demanda asiática. Em contraste, o esforço da CFTC para incluir contratos spot de cripto em bolsas de futuros regulamentadas nos EUA, e o avanço do marco regulatório MiCA na Europa, representam passos construtivos para uma adoção institucional mais ampla do bitcoin.

Essas mudanças têm impacto limitado no preço no curto prazo, mas oferecem uma base mais favorável para avaliações de risco por parte de investidores institucionais ao longo do tempo.

A principal pressão recente veio dos saques contínuos nos ETFs spot de bitcoin nos EUA em novembro e início de dezembro. Parte dos fluxos de entrada observados nos meses anteriores foi revertida, elevando a pressão vendedora.

Mesmo assim, grandes investidores institucionais continuaram transferindo volumes expressivos de para fora das exchanges, enquanto diversos bancos globais se preparam para oferecer ETPs de criptoativos a partir do início de 2026, um movimento que reforça a base de demanda institucional de longo prazo.

Em síntese, as saídas líquidas dos ETFs e a realização de lucros explicam a fraqueza de curto prazo. O cenário mais amplo, contudo, segue construtivo, sustentado pela expectativa de corte de juros e pelo avanço na clareza regulatória, fatores que podem criar um ambiente mais favorável ao bitcoin no médio e longo prazo.

Perspectiva técnica para o bitcoin

No gráfico diário, o alvo do padrão OCO foi atingido, e o bitcoin consolidou uma base firme próxima de US$ 85.200, correspondente ao nível de Fibonacci 0,786 da alta entre abril e outubro. O preço testou essa faixa duas vezes e reagiu em ambas, indicando que essa região se tornou o suporte técnico de médio prazo.

A partir desse patamar, o BTC voltou a superar a área dos US$ 91.000, associada ao nível Fib 0,144 do último movimento de baixa. O preço agora oscila em uma faixa horizontal estreita em torno dessa região. Em caso de retomada, o próximo obstáculo relevante está em US$ 94.700, correspondente ao nível Fib 0,236.

Por outro lado, embora as médias móveis exponenciais (MMEs) de curto prazo tenham suavizado, o alinhamento ainda indica tendência principal de baixa. O preço se mantém acima da MME de 8 dias, mas fechamentos diários acima da MME de 21 dias continuam sendo essenciais para sinalizar uma reversão consistente. Até lá, o movimento atual se caracteriza como um repique dentro de uma estrutura descendente maior.

O Índice Estocástico RSI voltou à zona de sobrecompra, o que aumenta o risco de perda de fôlego e correção de curto prazo dentro da faixa de US$ 91.000 a US$ 95.000. A primeira resistência-chave está em US$ 94.700; rompimentos sustentados acima desse nível abririam caminho para a marca psicológica dos US$ 100.000, próxima ao Fib 0,382 (US$ 100.630). Movimentos firmes acima de US$ 100.000 projetariam nova resistência ampla entre US$ 105.400 e US$ 110.000.

Do lado negativo, US$ 91.000 atua como primeiro suporte de pivô. Perdas abaixo desse ponto podem direcionar o mercado novamente para a zona de suporte em torno de US$ 85.250, e fechamentos diários abaixo dessa faixa podem desencadear nova perna de correção até a região entre US$ 75.000 e US$ 78.000.

No momento, os cenários fundamentalista e técnico convergem para uma fase de consolidação pós-realização de lucros, com o preço oscilando entre o suporte próximo de US$ 85.000 e a resistência entre US$ 95.000 e US$ 100.000. A marca de US$ 100.000 segue como o nível decisivo para indicar uma direção mais clara no curto e médio prazo.

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